Educando

E se aprender um novo idioma fosse algo natural?

Você já se questionou sobre o porquê de ser tão desafiador aprender um novo idioma? Tem mais: você já se deu em conta de quantas “regras” e tabus existem sobre este assunto, os quais deixam as pessoas cada vez mais distantes e arredias em iniciar o processo de aprendizagem? É lamentável que haja tantas crenças e obstáculos frente a este tema, o que afasta crianças, jovens e adultos de viver oportunidades incríveis por falta de um segundo idioma.

A boa notícia é que aprender um segundo, terceiro ou quarto idioma é um processo tão natural quanto aprender o primeiro.
Espere aí! Aprender a língua materna é um processo natural? Sim, é um processo natural, embora lento e este é o detalhe que muitas pessoas esquecem.
Um bebê recebe estímulos durante 1 ano inteiro antes de falar as primeiras palavras, e quando nos referimos a aprender um segundo idioma, criamos a expectativa de “sair falando” após a primeira aula. Quando pessoas adultas interagem com bebês, elas não os poupam por eles não entenderem o que está sendo dito, certo? Ou alguém diz: “tadinho do bebê, ele não entende, não vamos falar com ele”? É uma situação que definitivamente não acontece.

Se compararmos esta situação a de uma criança, jovem ou adulto que frequenta curso de idiomas, nos deparamos com algo muito diferente. Normalmente o que acontece é a aula sendo dada na língua materna e algumas palavras ou expressões sendo apresentadas no novo idioma. Esta metodologia é o que dificulta o processo. Escolas, professores e metodologias não devem “poupar” seus alunos.

Janelas de Oportunidades

Quanto maior a exposição, maior o aprendizado. Vamos por partes: Existe uma teoria americana chamada de Janelas de Oportunidades (Windows of Opportunities) que traduz muito bem o que acontece com o nosso cérebro e com o nosso comportamento em diferentes fases da vida e derruba um dos tabus ou “regra” de que para iniciar um “curso de inglês” a criança precisa ser alfabetizada.

A teoria das Janelas de Oportunidades apresenta 3 fases do nosso cérebro e de como suas conexões neurais, ou seja, as sinapses neurais podem nos auxiliar no aprendizado de um novo idioma, por exemplo. Em outras palavras, esta teoria nos mostra as fases da vida em que o nosso físico (plasticidade cerebral) e não somente nossas ações e hábitos (plasticidade emocional) podem nos “ajudar” no aprendizado de outro idioma.

A primeira janela de oportunidade acontece de 0 a 3 anos. O que ocorre nesta fase é que a criança poderá aprender tantos idiomas quantos ela estiver exposta. Se em uma casa com 2 ou 3 pessoas adultas falantes de diferentes idiomas, a comunicação se der nestes idiomas, a criança, ao iniciar a falar, irá compreender e se comunicar nos 2 ou 3 idiomas. Isto porque neste período as conexões neurais estão em sua fase mais ativa. Outra consideração é que até os 9 meses os bebês não distinguem as palavras faladas em diferentes idiomas, a compreensão se dá muito mais pelo tom de voz, linguagem corporal e vínculo emocional.

A partir deste ponto os bebês observam as diferentes formas de comunicação e começam a perceber que diferentes palavras significam a mesma coisa. Algumas considerações sobre este período são que: se a criança for exposta a mais de um idioma, ela irá iniciar a sua comunicação oral mais tarde, por volta de 2 ou 3 anos, porém, ao fazê-la, poderá usufruir dos idiomas aos quais ela foi exposta.
O ideal é que isto ocorra com falantes nativos do idioma, pois laços afetivos são mais efetivos quando construídos na língua materna. Dos 3 aos 7 anos ou até a criança ser alfabetizada, temos a segunda janela de oportunidade. Neste período da vida, as crianças já são fluentes na língua materna, mesmo não conhecendo suas regras. A vantagem é justamente esta, além da plasticidade cerebral ser favorável, as crianças ainda não conhecem o certo e o errado, o que pode deixar o ser humano reprimido, com vergonha e principalmente com medo de errar.

Como as crianças ainda não são alfabetizadas, elas estão livres de comparação. Elas não comparam a escrita de uma palavra com a outra ou uma regra gramatical de um idioma para o outro, por exemplo, o que as salva da terrível TRADUÇÃO e as permite aprender por SIGNIFICADO, de forma natural. Por este motivo, este é o melhor período para iniciar a aprendizagem de um novo idioma. O que precisa acontecer nesta fase também, para que o aprendizado seja efetivo, é expor as crianças ao novo idioma, literalmente. Se apenas ensinarmos palavras isoladas, é isto que irão aprender; se as expusermos ao uso de frases curtas, é isto que irão aprender; se as expusermos ao uso do idioma em sua íntegra, respeitando os contextos nos quais as crianças vivem, é isto que irão aprender.

É fato, porém, que assim como no aprendizado da língua materna, elas irão falar primeiramente as palavras base, que são as de sobrevivência, depois objetos, mais tarde suas características e somente depois serão capazes de usar verbos, por exemplo. Entretanto, mesmo não falando, elas compreendem e estão se preparando – em silêncio – para usar o idioma. É quando acontece a conhecida explosão da fala. Esta explosão é observada a partir da primeira janela de oportunidade, quando a criança leva 1 ano para falar a primeira palavra e 1 mês para falar outras 5 e, de repente, entrando no início do período da segunda janela de oportunidade, a explosão acontece.

A terceira janela de oportunidade acontece a partir dos 7 anos, que é quando o mundo da espontaneidade acaba e o ser humano conhece o certo e o errado. Evitando fazer o errado, a criança, adolescente ou adulto evita arriscar e, automaticamente retarda o aprendizado. Além de que comparam e traduzem o tempo todo. Isto acontece porque nesta fase a criança é inserida na sociedade através da escola, que dita regras que devem ser seguidas e ainda trata alunos como iguais, sem dar espaço a diferentes formas de aprendizagem e expressão. O medo de um X na cor vermelha reprime o aluno a tentar, o que dificulta seu aprendizado, que poderia acontecer de forma leve e espontânea.

Patrícia Kuhl que é uma estudiosa da neurociência, mostra 5 pontos críticos da aprendizagem de um segundo idioma: em concordância com a teoria das janelas de oportunidades, para ela, a melhor idade para aprender um segundo idioma é de 0 a 3 anos, seguido pelo período de 3 a 7 anos. E onde iria ser a última janela de oportunidade, ela divide em 3 fases, de 8 a 11 anos, de 11 a 15 anos e de 17 anos em diante. Estas divisões são baseadas em estudos referente a plasticidade cerebral e conexões neurais (sinapses). Desta forma ela classifica a idade de 0 a 3 anos como a melhor para aprender novos idiomas, seguidas das demais. O que quebra mais uma crença que muitos adultos têm, dizendo que aos 20 é melhor aprender do que aos 30 ou aos 50. A partir dos 17 anos o seu cérebro contribui com o seu aprendizado da mesma maneira até o final de sua vida.

O que muda após isto é o ambiente em que você vive e seus hábitos (plasticidade emocional), ou seja, o quanto, no seu dia-a-dia, você utiliza o idioma. A decisão de transformar o aprendizado em um processo natural ou em um processo mais desafiador está diretamente ligada ao momento em que inicia a prática, aliada a uma metodologia que respeite as diferentes formas de aprender e o contexto do aluno, de acordo com sua faixa etária.

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Bianca Dewes

Imagem: reprodução.
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