Em maio deste ano eu tive a oportunidade de visitar uma escola que admiro há algum tempo: a Brightworks School. Essa escola fica sediada em San Francisco, USA, no Vale do Silício.
Muitas pessoas visitam o Vale (como ele é carinhosamente chamado) para compreender um pouco da cultura das empresas inovadoras.
Eu penso que se as empresas mais inovadoras do mundo estão em um lugar, as escolas mais inovadoras também devem estar.
Viajo para o Vale anualmente e sempre paro na Brightwork. Toda a vez aprendo muito e fico mais fã desse lugar.
Bom, acredito que você queira saber mais sobre essa escola, certo? Então vamos ao que interessa. Vou criar alguns bullet points e explicar as características que despertaram o meu interesse nessa escola.
Como começou:
Tive o prazer de conhecer Gever pessoalmente, e embora não seja um educador, sua visão sobre a educação contextualizada e real é inspiradora. Ele repete constantemente que você deve confiar que as crianças são capazes e competentes, inclusive para cometer erros e aprender de maneira independente. Durante esta conversa, duas meninas, que deveriam ter entre 09 e 12 anos, educadamente nos interromperam para perguntar se poderiam ligar uma máquina de corte pois precisavam cortar madeira para um projeto que estavam fazendo sobre construções resistentes a terremotos. Achei maravilhosa a ideia de meninas pré-adolescentes operando uma máquina de corte que deveria ter uns 10 quilos para fazer um projeto escolar.
Isso poderia chocar alguns educadores, mas entendo a proposta de Gever e consequentemente, da escola sobre a ‘cultura maker’.
A proposta pedagógica:
Outro ponto de sua abordagem é que “Conteúdo é irrelevante”! Espera aí, vou explicar: esse ponto pode ser mal entendido, mas expressa que já que “tudo é interessante”, logo qualquer pergunta, dúvida ou curiosidade do aluno pode ser trazido como tema gerador em sala de aula, seja para análise, debate ou estudo.
De cara, você pode perceber algo de diferente na escola. Um detalhe: todos os alunos andam de band aid nas mãos. Isso já diz muito sobre a sua proposta pedagógica. Eles devem fazer. Tudo o que é debatido, estudado e entendido deve virar um projeto real, ou seja, se eu estou estudando estruturas de casas resistentes a terremotos, eu devo criar uma casa, não uma maquete. Um modelo real.
Mesmo com uma pedagogia mais aberta e flexível, eles se alinham a base curricular padrão.
Como a proposta é entregue:
Na escola não há um currículo definido. Não há testes ou avaliações e os colaboradores (como são chamados ao invés de professores) não ensinam nenhum assunto específico.
Quando a criança chega, ela é confrontada com cordas, rodas, pedaços de madeira, fitas adesivas, cartões e várias ferramentas de construção. Os alunos começam algumas vezes com rascunhos dos projetos, outras vezes com planos mais elaborados, outras vezes simplesmente se constrói algo. Construção é o núcleo da experiência. Os alunos sempre estão comprometidos e envolvidos, o faz desta, uma experiência imersiva durante todo tempo que passa na escola.
Outros pontos relevantes:
Eles preferem usar esse orçamento para valorização do educador e desta maneira, conectam-se com a comunidade ao utilizar parques e praças para a prática esportiva do aluno.
Em um espaço onde as crianças desmontam coisas para aprender o seu uso e têm livre acesso a ferramentas pesadas de construção. Gever fala orgulhosamente que, em 10 anos, nunca houve um único acidente.
Uma visita a Brightworks não apenas rende várias ideias inovadoras para a prática de ensino, como também gera uma boa reflexão sobre a centralização do aprendizado e autonomia do aluno.
Por fim, recomendo a visita a todo educador que queira expandir seus conceitos sobre a educação e se desafiar a adquirir um novo ponto de vista. Uma visita no vale sempre vale a pena, ainda mais quando se busca conhecer cada vez mais sobre essa nova educação inovadora.
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