Como aprendemos um segundo idioma
Você provavelmente já estudou inglês durante a sua vida escolar, talvez desde as séries iniciais. Quantos anos você já estudou? 6 ou 7 anos? Até mais do que isso? E você nunca se perguntou por que você não aprendeu um segundo idioma? Por que você não consegue se comunicar quando é necessário? Você pode culpar sua atenção, sua seriedade durante os anos que esteve na escola e até mesmo a qualidade do ensino de seu professor. Mas o problema não é por aí, primeiramente vamos avaliar como a matéria foi vista.
Você estudou a construção de sentenças, sintaxe, memorizou conjugações e teve que decorar vastas listas de verbos. E depois de todo esse esforço você ainda não consegue se comunicar. Mesmo sentenças simples em outro idioma parecem difíceis, o esforço é frustrante e contra-produtivo. Que triste!Vamos nos abraçar e chorar agora.
Há 50 anos o Dr. Paul Pimsleur, alguns chamam-no de “o Einsten das línguas”, criou a sua tese com base na observação histórica. Ele dizia que durante séculos confiamos na história falada como meio de comunicação, muito antes de se ter registro por escrito, passava-se a história de maneira oral, até porque muitos reis e rainhas não sabiam ler nem escrever. Mesmo hoje, 25% da população mundial não é alfabetizada, e estas 2 bilhões de pessoas, mesmo não sabendo ler e escrever conseguem interagir dentro de suas comunidades, conversam com seus pares, negociam e utilizam a língua falada para se comunicar.
Assim, o seu cérebro entenderá padrões da língua mesmo antes de você estudá-la e se você falar ou escutar algo que não ‘soa correto’ saberá que está errado. Se eu falar “I you like”, mesmo não sabendo por que, você consegue saber que essa sentença está errada e deveria ser “I like you”, você não precisa pensar analiticamente sobre sintaxe e conjugações para saber que está errado. Faz sentido?Para ficar mais claro, vamos lembrar-nos de quando éramos crianças. Muito antes do aprendizado da escrita e leitura, aprendemos a falar. Quando entramos na escola e aprendemos a escrever, a usar a gramática, a entender diferentes tempos verbais etc. Já nos comunicávamos tranquilamente, conseguíamos negociar, falar sobre ações presentes, identificar e produzir frases sobre o passado e falar o que aconteceria no futuro. Você já era fluente em sua língua materna, certo? Agora pense em como você aprendeu. Vai me dizer que seus pais lhe ensinaram a falar utilizando gramática? Até faz sentido sentar com uma criança de 2 anos e explicar o que são pronomes, onde os usamos na frase e quais verbos transitivos exigem complemento para terem sentido completo. Se você não aprendeu a língua materna assim, por que você quer complicar e aprender inglês dessa maneira? Sabe o que vai acontecer? Você nunca irá aprender e será mais um daqueles alunos que estudou durantes anos a gramática e nunca conseguirá se comunicar. Seu cérebro não aprendeu a aprender assim, então, não seja teimoso.
Como aprender? Como uma criança aprende a sua língua materna escutando, quando você souber o que ‘soa correto’, saberá que está certo. Você aprende uma língua falando, sendo assim, seu cérebro entende que você aprende uma língua através de conversação, discussão, escutando uma grande quantidade de informações.
Claro que sim, vejo alunos passar anos estudando gramática, memorizando verbos e fazendo exercícios de escrita mesmo antes de falar, e eles ficam nervosos ao falar com os outros, não conseguem se comunicar e nunca perdem o seu forte sotaque. Não é assim que se aprende.
Como se aprende então? Através de uma abordagem em que você terá o maior contato com o idioma falado muito antes de estudar sua gramática. Escute muito o idioma que você quer aprender.
Parada para reflexão:
- O que você aprendeu com o texto acima?
- A partir disso, como mudará a sua rotina de aprendizado?
- Crie abaixo um plano que inclua a exposição diária à língua, com foco na audição. Vai lá, não seja medroso, o que você pode fazer todos os dias que o ajudará a aprender o segundo idioma de maneira mais rápida?
- Dica: tente se expor, escutar, ao menos 30 minutos diários este novo idioma. Vale tudo: assistir a filmes, escutar música, escutar podcasts, ou até mesmo o CD do material didático.
Felipe Diesel
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