O PIVÔ DO SUCESSO
Ultimamente, tenho conversado com alguns jovens e como a palavra “empreender” se tornou uma buzz word, vários deles me perguntam por onde começar. Eu sempre respondo: se você vai começar, que seja pelo começo.
Pelo plano de negócios? Pode até ser, mas eu não recomendaria um plano de negócios ainda neste estágio. Primeiro, vamos entender como se pensava “empreender” há algum tempo.
OK, esse modelo pode até funcionar, mas o que determina o sucesso de uma empresa não é a qualidade de sua equipe ou produto. Muito menos pesquisas prévias e planos de negócios mirabolantes; é algo muito mais intangível.
Vou explicar: estamos em 2006 e há uma corrida pelo mercado de mp3 players, grandes marcas como Sony já estão posicionadas e o iPod já é uma tendência de consumo. O que a Microsoft faz? Resolve entrar nesta briga e lança o Zune, um mp3 player de excelente qualidade. A Microsoft tinha, talvez, a equipe mais experiente do mercado, eles buscaram os experts nas grandes empresas, tinham um produto de qualidade igual ou superior aos seus concorrentes, possuíam uma vasta pesquisa de mercado e precisavam de um grande plano de negócios que atraiu um investimento altissímo. Ninguém sabe ao certo, mas foram alguns bilhões. O que aconteceu? O Zune nunca pegou e neste mês a Microsoft publicou que vai descontinuar o serviço.
Onde eles erraram? Se você quiser uma resposta sobre o produto, eu não sei mesmo, mas posso afirmar que eles erraram na estratégia de lançamento e criação do modelo de negócios. Como assim? Simples, o empreendedor atual tem que lidar com as incertezas do mercado. Mas será que o público irá aceitar? Qual é o preço que as pessoas irão pagar? Será que usarão da maneira que espero? E a resposta para essas perguntas é cruel, ninguém sabe, nem mesmo uma das maiores empresas do mundo – a Microsoft.
Apenas quem sabe é o mercado e você não vai saber tais respostas escutando o mercado, eles nem sabem o que pensam. Já dizia Henry Ford: “se perguntássemos às pessoas o que elas queriam, elas responderiam que necessitavam de cavalos mais rápidos”. Você saberá a verdade testando o mercado. Isso mesmo, testando.
Então o que posso dizer é: perca menos tempo elaborando o seu produto e use melhor este tempo testando-o. Vai lançar um curso? Grave algumas aulinhas em vídeo e libere no youtube deixando o pessoal comentar, curtir, e então aprenda com isso. Vá mudando o seu estilo até ‘pegar a manha’, e por conseguinte, formate-o com entrada de recursos, cobrando por isso, e depois, “é só correr pro abraço”. Por exemplo, se vai lançar um produto, pense no Menor Produto Viável e teste-o antes de seu lançamento.
Novos modelos de negócios exigem o maior número de testes para o aperfeiçoamento. Chamamos esta etapa de ‘pivot’*, que consiste em acertar o seu serviço ou produto. Várias empresas não começaram com o produto que têm hoje, um exemplo característico é o Instagram, ele seria uma rede social como o Facebook, mas optou em focar apenas em fotos artísticas e deu certo. Já que estamos falando sobre fotos o Flickr nasceu como uma plataforma de jogos RPG e como não teve sucesso, migrou para uma rede de trocas de fotos entre os usuários.
* Em quase todo tipo de motor, existe uma peça que gira em torno do próprio eixo – ela é normalmente chamada de pivô. Mas para uma startup, a analogia mais representativa é o jogador de basquete: ele rapidamente para a jogada, mantém uma das pernas fixas, observa e gira em torno do seu eixo para explorar diferentes opções de passe. Esse é o conceito do pivot em uma startup: girar em outra direção e testar novas hipóteses, mas mantendo sua base para não perder a posição já conquistada.
Qual é o segredo então para se criar uma empresa de sucesso? Testar o produto ou o serviço o mais rápido possível e quantas vezes puder; aprender com os erros e evoluir. E a evolução é a maior lição da natureza para nós, afinal, não são os mais fortes que sobrevivem, mas sim, os mais adaptáveis a mudanças.
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Autor: Felipe Diesel
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